23 de jul. de 2014

Cabeça Charmosa


O chapéu ganha uso mais democrático em qualquer estação. Entre os materiais, predominam palha, feltro e texturas leves
Renata dos Santos25 de fevereiro de 2011 (sexta-feira)
Valéria Lopes
Peça indispensável no vestuário de séculos passados, tanto para homens quanto para mulheres, o chapéu passou por transformações e durante um bom tempo chegou a ser usado restritamente apenas em regiões mais frias. Mas o século 21 trouxe de volta a paixão pelos chapéus, que a cada década ganham mais adeptos. Independentemente de estações ? no verão ele aplaca o sol e o calor e no inverno é recurso para aquecer ?, esse acessório invade as passarelas, as vitrines e as ruas.
Iniciada neste verão, com lançamentos como o floppy hat (aba longa) renovados por vedetes como o feltro e a palha colorida, a nova onda do chapéu continuará na estação do frio com peças de roupagem mais invernal. Nas passarelas da última São Paulo Fashion Week e no Fashion Rio, os estilistas abusaram de chapéus ? o feltro ainda reina ? em tons dominados por preto, marrom e, como hit, o camelo.
A predominância de clima de verão durante quase todo o ano torna os caminhos para o uso do chapéu ainda mais democráticos. Os lançamentos do tradicional chapéu Panamá em cores fora das convencionais devem conquistar homens e mulheres, juntamente com boinas, gorros e turbantes elaborados com texturas, tons e formas tomadas por leveza e design. O modismo deve encorajar pessoas que até o momento apenas se arriscaram a usar o acessório no exterior, em metrópoles como Londres ? um dos berços da chapelaria mundial ?, em outros centros urbanos irradiadores de tendências, em cidades brasileiras de clima mais ameno ou onde é possível circular anonimamente.
Em Goiânia, os chapéus são mais usados em bares e baladas moderninhas. E a cidade já conta com chapeleiros artesanais, profissionais raros no País  estima-se que existam pouco existem poucos artesãos na arte de confeccionar chapéus. A estilista Rucélia Ximenes é uma veterana nessa prática, seja como usuária seja como artesã. Sempre com um chapéu na cabeça, ela recicla produtos que compra em várias partes do mundo acrescentando fitas, flores e uma infinidade de acabamentos. O chapéu é sua marca registrada.
Outra goiana, a chapeleira Carla Carvalho produz chapéus há 16 anos. Formada em dança, ela sempre usou o acessório e começou a produzir peças para figurinos de espetáculos. Algumas criações eram vendidas para Brasília. Depois passou oito anos no Nordeste, de onde enviava suas criações para países da Europa. Há um ano, quando veio a passeio para Goiânia, encontrou um mercado mais receptível ao uso do acessório. Hoje, ela é uma das designers do showroom Casulo. Dedica-se exclusivamente a produzir chapéus artesanalmente e sozinha. Continua exportando suas criações, mas comemora o modismo que é também influenciado pela televisão. "O chapéu nunca saiu de moda, ele foi se adequando às épocas, às localidades, às estações e aos estilos das pessoas. O mercado hoje em Goiânia está delicioso para o uso do chapéu, as pessoas estão mais abertas e descoladas", afirma a designer.
Uso com bom senso
Atualmente, o chapéu conquistou lugar cativo em produções mais dramáticas, normalmente em dias mais frios nos quais ele também assume o papel de aquecer. Na hora de enfeitar a cabeça com um modelo, mais que personalidade e dose de coragem são necessários. Da mesma forma que o uso de um lenço envolto no pescoço rima com formalidade, o chapéu usado de modo inadequado pode gerar desconforto para quem usa e, também, para quem olha. Um cuidado para evitar looks caricatos, por exemplo, é uma avaliação prévia do tamanho do modelo e da cor, em relação às medidas do rosto e do corpo e ao tom de pele.
Modelos minúsculos ou de efeito apertado (seja tipo chanel de tecido, boinas, toucas esportivas e gorros) não são aconselhados a corpos mais avantajados e rostos grandes. Chapéus com linhas arredondadas combinam mais com rostos geométricos. Os modelos mais geométricos ficam bem em rostos cheios. Diante do espelho também é possível notar quando um rosto pequeno some debaixo de um chapéu enorme ou chamativo demais.
Em geral, quando as cores e os tecidos do chapéu contrastam com a roupa, a peça funciona como um ponto focal que a diferencia dos outros elementos do traje e assume poder até de promover o alongamento da silhueta. Para acertar, o ideal é enveredar-se pela casualidade, pois simplicidade é melhor do que apostas em chapéus cheios de glamour, daqueles eternizados no cinema. Vida real exige bom senso.
Se o cabelo estiver solto, principalmente se for longo, o melhor mesmo é usar chapéu sem abas ? a boina é uma boa opção. A escolha por modelos com abas largas demais é acertada se as madeixas estiverem presas e, principalmente, no caso de cabelo curto e na altura dos ombros. Chapéus de tons neutros e de cores que se aproximam do tom natural dos fios são uma boa pedida para quem deseja inaugurar o armário com um modelo.

Outra dica é lembrar que numa produção o chapéu não pode ser conjugado com brincões, colares e outros badulaques. Para quem ainda tem dúvidas quanto à melhor escolha, a designer Carla Carvalho dá a dica. "O chapéu é uma peça muito pessoal. É o chapéu quem escolhe o usuário, pelo formato da cabeça e do rosto. Cada pessoa tem um modelo próprio de chapéu."
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