O chapéu ganha uso mais democrático em qualquer estação. Entre os
materiais, predominam palha, feltro e texturas leves
Renata dos Santos25 de fevereiro de 2011 (sexta-feira)
Valéria Lopes
Peça indispensável no vestuário de séculos passados, tanto para homens
quanto para mulheres, o chapéu passou por transformações e durante um bom tempo
chegou a ser usado restritamente apenas em regiões mais frias. Mas o século 21
trouxe de volta a paixão pelos chapéus, que a cada década ganham mais adeptos.
Independentemente de estações ? no verão ele aplaca o sol e o calor e no
inverno é recurso para aquecer ?, esse acessório invade as passarelas, as
vitrines e as ruas.
Iniciada neste verão, com lançamentos como o floppy hat (aba longa)
renovados por vedetes como o feltro e a palha colorida, a nova onda do chapéu
continuará na estação do frio com peças de roupagem mais invernal. Nas
passarelas da última São Paulo Fashion Week e no Fashion Rio, os estilistas
abusaram de chapéus ? o feltro ainda reina ? em tons dominados por preto,
marrom e, como hit, o camelo.
A predominância de clima de verão durante quase todo o ano torna os
caminhos para o uso do chapéu ainda mais democráticos. Os lançamentos do
tradicional chapéu Panamá em cores fora das convencionais devem conquistar
homens e mulheres, juntamente com boinas, gorros e turbantes elaborados com
texturas, tons e formas tomadas por leveza e design. O modismo deve encorajar
pessoas que até o momento apenas se arriscaram a usar o acessório no exterior,
em metrópoles como Londres ? um dos berços da chapelaria mundial ?, em outros
centros urbanos irradiadores de tendências, em cidades brasileiras de clima
mais ameno ou onde é possível circular anonimamente.
Em Goiânia, os chapéus são mais usados em bares e baladas moderninhas. E
a cidade já conta com chapeleiros artesanais, profissionais raros no País
estima-se que existam pouco existem poucos artesãos na arte de confeccionar
chapéus. A estilista Rucélia Ximenes é uma veterana nessa prática, seja como
usuária seja como artesã. Sempre com um chapéu na cabeça, ela recicla produtos
que compra em várias partes do mundo acrescentando fitas, flores e uma
infinidade de acabamentos. O chapéu é sua marca registrada.
Outra goiana, a chapeleira Carla Carvalho produz chapéus há 16 anos.
Formada em dança, ela sempre usou o acessório e começou a produzir peças para
figurinos de espetáculos. Algumas criações eram vendidas para Brasília. Depois
passou oito anos no Nordeste, de onde enviava suas criações para países da
Europa. Há um ano, quando veio a passeio para Goiânia, encontrou um mercado
mais receptível ao uso do acessório. Hoje, ela é uma das designers do showroom
Casulo. Dedica-se exclusivamente a produzir chapéus artesanalmente e sozinha.
Continua exportando suas criações, mas comemora o modismo que é também
influenciado pela televisão. "O chapéu nunca saiu de moda, ele foi se
adequando às épocas, às localidades, às estações e aos estilos das pessoas. O
mercado hoje em Goiânia está delicioso para o uso do chapéu, as pessoas estão
mais abertas e descoladas", afirma a designer.
Uso com bom senso
Atualmente, o chapéu conquistou lugar cativo em produções mais
dramáticas, normalmente em dias mais frios nos quais ele também assume o papel
de aquecer. Na hora de enfeitar a cabeça com um modelo, mais que personalidade
e dose de coragem são necessários. Da mesma forma que o uso de um lenço envolto
no pescoço rima com formalidade, o chapéu usado de modo inadequado pode gerar
desconforto para quem usa e, também, para quem olha. Um cuidado para evitar
looks caricatos, por exemplo, é uma avaliação prévia do tamanho do modelo e da
cor, em relação às medidas do rosto e do corpo e ao tom de pele.
Modelos minúsculos ou de efeito apertado (seja tipo chanel de tecido,
boinas, toucas esportivas e gorros) não são aconselhados a corpos mais
avantajados e rostos grandes. Chapéus com linhas arredondadas combinam mais com
rostos geométricos. Os modelos mais geométricos ficam bem em rostos cheios.
Diante do espelho também é possível notar quando um rosto pequeno some debaixo
de um chapéu enorme ou chamativo demais.
Em geral, quando as cores e os tecidos do chapéu contrastam com a roupa,
a peça funciona como um ponto focal que a diferencia dos outros elementos do
traje e assume poder até de promover o alongamento da silhueta. Para acertar, o
ideal é enveredar-se pela casualidade, pois simplicidade é melhor do que
apostas em chapéus cheios de glamour, daqueles eternizados no cinema. Vida real
exige bom senso.
Se o cabelo estiver solto, principalmente se for longo, o melhor mesmo é
usar chapéu sem abas ? a boina é uma boa opção. A escolha por modelos com abas
largas demais é acertada se as madeixas estiverem presas e, principalmente, no
caso de cabelo curto e na altura dos ombros. Chapéus de tons neutros e de cores
que se aproximam do tom natural dos fios são uma boa pedida para quem deseja
inaugurar o armário com um modelo.
Outra dica é lembrar que numa produção o chapéu não pode ser conjugado
com brincões, colares e outros badulaques. Para quem ainda tem dúvidas quanto à
melhor escolha, a designer Carla Carvalho dá a dica. "O chapéu é uma peça
muito pessoal. É o chapéu quem escolhe o usuário, pelo formato da cabeça e do
rosto. Cada pessoa tem um modelo próprio de chapéu."